domingo, maio 28, 2006

VISITAS

Quando a nossa vida está num local que nos distancia da família e dos amigos, estamos sempre a querer ficar mais perto. No entanto, as distâncias não se encurtam só porque nós desejamos!
Na verdade, quando arranjamos tempo e dinheiro para "regressar" a "casa" por uns dias, gastamos umas horitas a convencer o pessoal a fazer-nos uma visita (porque é lindo, porque são umas belas férias, porque tem um clima magnífico, boas praias, etc etc...)... Acabamos é por convidar todos, em vez de apenas quem queremos de facto que nos visite...
Depois sai tudo trocado... Não é que as visitas sejam aborrecidas... o problema surge quando elas estão a passar férias e nós não, e quando lhes custa perceber esse facto...
O desconhecimento do que se faz numa carreira como a nossa de professores, induz a maior parte do comum dos mortais a pensar que nós temos sempre tempo para tudo e, também, que quando chegamos da escola o nosso serviço acabou... Pura ignorância!!!... Na altura em que chegamos da escola é quando de facto começa o nosso trabalho a sério... Aulas para preparar, trabalhos para corrigir.... bahhhhh... n coisas para fazer...
Ainda há a questão da dependência... A gente procura sempre deixar as visitas a sentir-se em casa (embora lá no fundo também desejemos algum respeito e incómodo pelo uso e não abuso das nossas coisas...). Mesmo quando lhes permitimos total liberdade, chaves do carro na mão, o comando do portão e as chaves de casa, parece que algo não foi compreendido... "Nós não vamos, não podemos ir... Não estamos a gozar férias... Temos que trabalhar...!" (Conhecem este discurso?) Na realidade, até parece que é mentira (não é!)... Parece que é suposto explicarmos timtim por tintim o que temos que fazer, porque temos de o fazer e porque tem de ser nesta ou naquela altura... Parece que temos de pedir desculpa por estarmos a trabalhar... Parece que é suposto sentirmo-nos mal porque não podemos dedicar todo o nosso tempo a apaparicar as férias dos outros... Parece que temos de pedir desculpa por termos que viver a nossa vida, segundo o dia a dia que corresponde ao período (grande) de trabalho... Serei eu a não perceber qual é o meu papel como anfitriã? Estarei eu errada?
Da próxima vez que fizer um convite, hei-de morder a língua... Ficar calada... Impedir a voz de sair... Afinal de contas, mais vale só que culpada por não poder saír e fazer de conta que estou de férias quando estou a cumprir o meu serviço (dentro e/ou fora da escola... para não falar nas outras tarefas necessárias à sobrevivência...)...

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