terça-feira, março 11, 2025

Ruído Mental

 Ser mulher! Ser mulher é sentir no corpo um rebuliço todos os dias, independentemente da atitude que adotamos está sempre presente algum grau de julgamento, pelos que nos rodeiam, e que nos conhecem, e, também por todos os que à nossa volta, de uma forma ou outra contactam connosco, mas até por nós, porque a sociedade foi semeando um conceito que embora incoerente com a vida que vivemos deixou crescer com força e saúde, agarrando-se a pressupostos que penso já não deveriam existir. Há uma espécie de papel que parece talhado e sempre que fugimos dessa regra devemos estar agradecidas pela não submissão, por termos direito a uma opinião, por termos direito a uma vida nossa, decidida por nós. O ruído mental assola-nos a cada segundo e nem sempre é simples viver segundo o padrão que nós próprios estabelecemos tentando não colidir com todas as ideologias que a sociedade de alguma forma impôs. E no meio de tudo isto, temos, ainda, os outros, aqueles que na intimidade vêm em nós, simultaneamente, um modelo do modernismo e do tradicional ultrapassado (julgo eu). Contudo, não somos super humanos, é difícil viver à altura de todos esses padrões pré estabelecidos. É difícil ser gentil, sensível, meiga a cada segundo, é difícil não chorar, não gritar, não ficar aborrecida com o próprio pensamento. Muitas vezes não andamos necessariamente em luta com ninguém, mas apenas connosco ou a combater uma ideia de mulher que não é a que somos. O cérebro fervilha a cada segundo, todos os instantes do dia em pensamentos, ideias, adivinhações, premonições, preocupações, lembranças, registos mentais de uma lista de tarefas que idealizámos e que nem sempre termina, um trabalho que muitos nem percebem que está lá. Há sonhos, desejos, anseios aqui no meio, mas tantas vezes ficam em segundo plano para dar lugar a tudo o que é prioritário, e o que é prioritário, nem sempre é ser mulher, simplesmente mulher, é olhar o outro, os outros, dar conta da realidade que criámos, que construímos e que pode ruir de tão frágil num mundo ainda pouco feminino… Esse ruído que nos assola a alma em consciência, apaga-se apenas por escassos momentos, aqueles em que adormecemos em paz a desejar que um novo dia seja mais soalheiro, mais quente de compreensão, mais consciente do que somos, do que fazemos, do investimento em prol de todos os que convivem connosco, mais empático, mais compreensivo desse tal ruído mental sempre presente porque o cérebro da mulher não conhece pausas a não ser aquelas do sono profundo que nem sempre acontece… Mas ainda assim, ser mulher é ser confusão, é ser eu, ainda que nem sempre seja ser aceite.  

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Olho no olho

Olho no olho, um frente a frente poderoso, um turbilhão de pensamentos e ideias que atravessam o espaço-tempo a uma velocidade alucinante, talvez mais rápidos que a luz! 
Se te olho, olho no olho, receio e anseio, sofro com as nossas lutas e preocupações, mas logo após esta tempestade, revejo o nosso passado e sinto a calmia da certeza de que o futuro será igualmente catatónico e lindo em simultâneo! Sorrio por dentro ao recordar-te, e sorrio por fora ao observar-te os traços que me fizeram ver-te por dentro e que me arrebataram, e me arrebatam! Fico sem fôlego ao observar-te em silêncio, um silêncio que não incomoda, que não fere, que é apenas um silêncio que não costumamos ter, um silêncio que nos isola a ambos, somente aos dois, numa realidade virtual que também nos faz falta!
Se te olho, olho no olho, tenho certeza que me amas, e que te amo, da mesma maneira, ou talvez mais, como quando te descobri e tu a mim, numa cumplicidade às vezes escondida mas sempre presente, mesmo quando os dias são difíceis e chuvosos, frios e sombrios... És o meu raio de sol...

quinta-feira, julho 03, 2014

A ambição do insatisfeito

Sentimos todos os dias que queremos mais, mais de tudo! O que alcançamos nunca chega porque podemos sempre fazer mais e melhor, e diferente... Seremos insatisfeitos ou ambiciosos? Talvez um pouco de ambos.... Mas a ambição cega pode conduzir-nos ao desastre de não sabermos aproveitar todas as conquistas... Mas antes arriscar numa cegueira que nos traga sucessos e derrotas indicando-nos que tentamos, que procurámos uma perfeição utópica do que a segurança de uma sóbria tranquilidade idílica e fantasiosa.... Vamos ficar insatisfeitos, vamos em busca das melhorias que podemos alcançar, sejamos ambiciosos!

domingo, maio 25, 2014

24 horas

24 horas para dar uma volta completa sobre si própria percorrendo 40192 km (no Equador...). Como é possível? Viajando a cerca de 1675 km/h no seu movimento de rotação!
Já as minhas 24 horas parecem nunca chegar... Não sei quantos km calcorreio mas suponho que não devem ser muitos, infelizmente... Mas ainda assim tenho a sensação de que o dia é demasiado rápido para que o acompanhe! Bom seria poder fazê-lo a uma velocidade cruzeiro (dizem que é uma velocidade constante, "normal"!)... Atrevo-me até a dizer que até esse seria extraordinariamente rápida para mim.... O ótimo seria podermos percorrer o nosso percurso ao nosso ritmo, sem pressas, vivendo todos os instantes com a intensidade devida, explorando o presente com a energia e a força que temos pouco depois de acordarmos de uma noite bem dormida, no nosso ninho da alma... Assim poderíamos viver todos os dias o presente, ansiando um futuro generoso de tempo de qualidade, recordando um passado tranquilo e com poucos despistes!
Infelizmente, as nosas 24 horas parecem ser 12... Isso implica que todas as obrigações e opções tenham de ser cumpridas na metade do tempo que normalmente exigiriam e então, vemos a vida a fugir por entre os dedos, a juventude escorregar dando lugar às pequenas rugas de expressão do avanço da idade.... E mesmo antes de chegarmos à velhice, apercebemo-nos do rpesente ser passado e do futuro pouco vivido.... 24 horas é muito pouco tempo e a Terra devia avançar mais devagar... Pelo menos conheço um culpado!

domingo, novembro 10, 2013

O que somos...

"Somos pó de estrelas"... Começamos por brilhar tanto como elas e, aos poucos, vamos atenuando o brilho resplandecente que vamos dispensando... Escondemo-nos na sombra de uma qualquer energia escura que mal reconhecemos existir... Deixamos de produzir o combustível da alma e esquecemos todo o amor que nos fez existir, todo o carinho que tantos nos dedicaram, ignorámos aqueles que permanecem do nosso lado e enlouquecemos em nós por não vermos mais nada, por não sentirmos mais nada... Ferimos sem pensar, magoamos com atos e com palavras quem nos quer bem e não reconhecemos quem nos ama incondicionalmente... Ignoramos todos os dias quem nos viu crescer e fazemos de conta que ninguém nos criou... Deixamos esquecido um passado de peripécias e cumplicidade impagável e tormano-nos orfãos... Esquecemos tudo e todos mas um dia... um dia quando percebermos que estamos sozinhos pode ser tarde demais, pode ser que já lá não esteja ninguém... Porque esta espera é cansativa, especialmente quando, a cada cruzamento, nos dizem que não somos necessários... Revelam-nos um egoísmo doloroso, daqueles que só se compreendem quando o sentimos... Quem és tu? Cresceste comigo, vivemos juntos, sobrevivemos ambos a alguma escuridão, mas não te reconeço! Tu perdeste-te! E eu também te perdi!

segunda-feira, outubro 28, 2013

Viver no limite!

Viver no limite sem dar grandes saltos da estratosfera, ou sem "montar" uma qualquer onda gigante, viver no limite pode simplesmente ser sobreviver a uma vida em que o trabalho nos esgota sem quase darmos conta.... Viver no limite pode ser dar o máximo de nós sem que tenhamos consciência de que tudo o que é positivo e bom fica no trabalho... Viver no limite é chegar a uma altura em que o cansaço nos vence e sentimo-nos incapazes de cumprir outra qualquer tarefa.... Viver no limite é chegar à noite, aterrar na cama e desejar que a noite passe bem devagarinho para que todas as pilhas tenham a possibilidade de recarregar.... Viver no limite é acordar de manhã com a sensação de que mal nos deitámos, é acordar cansado, mas mesmo assim encher o peito de ar e seguir em frente, vivendo, aprendendo, sobrevivendo e guardando pequenos instantes em que o trabalho não nos domina, sentir o espírito elevar-se de prazer quando naqueles instantes nos sentimos livres..... Viver no limite é dar de nós o que temos por acreditarmos que podemos marcar diferenças, que podemos fazer diferente, que somos melhores pessoas todos os dias!

quarta-feira, julho 10, 2013

Falta-nos tanto!



Falta-nos a capacidade de reconhecer que a força que nos caracteriza nos permite ser humildes para aceitar as nossas fraquezas… portanto, falta-nos a humildade para sermos honestos!

Falta-nos o discernimento para agir com os outros com a sensibilidade que queremos para nós, independentemente de a merecerem (ou não!)!

Falta-nos a capacidade de pedir desculpa quando sabemos que erramos, quando não estivemos à altura, quando fomos incapazes de dar o nosso contributo!….

Desconhecemos o respeito de confrontar cada um com a clareza que desejámos que fizessem connosco…

Falta-nos humildade, honestidade, discernimento, sensibilidade e bom senso. Cada um é como cada qual mas independentemente disso todos merecem ser respeitados.

O cumprimento de cada tarefa tem o mérito de quem a cumpre, mas a incapacidade de realizar determinado objetivo deve ser encarada como o reconhecimento do que não fomos capazes de cumprir por não estarmos à altura da sua execução…. Devemos portanto, desresponsabilizar quem dela não participou e assumir os nossos erros sem desculpabilizar as nossas atitudes. Só assim saberemos crescer em comunidade, só assim saberemos criar a sociedade que desejámos, só assim poderemos sonhar em sair de uma crise (económica, política) principalmente social… Só com um pensamento saudável, reto, desinteressado, humilde, honesto, meigo, podemos vingar!